Aquele homem se aproximou de mim, veio como se nada
quisesse, mas seu olhar tudo queria.
Embalou-me numa dança onde nossos corpos desejavam
pertencer um ao outro.
Naquele instante diante de tudo, tinha medo de querê-lo,
então preferi fingir que não o queria.
O não, foi quebrado pelas palavras
sussurradas no ouvido “Se me aceitares ficaremos juntos por toda a vida”. Neste momento meu coração pertenceu-lhe.
Mas a razão perguntou;
O que deveria eu aceitar? Segundo
aquele homem menino apenas um trabalho que poderia nos distanciar – “ Sou
marinheiro a navegar” , disse-me então.
Sinceramente, para mim não era objeção. Apenas um fato
naquele encontro casual fez afastar-me, o homem menino não pode me levar ao
ponto de partida, preferiu ficar junto daqueles que estava antes a conversar.
Apesar de todo encantamento, deixo-o sem olhar para trás.
“Você me perdeu”. Pensei
Passaram-se os dias, meu pai adoeceu. A morte veio buscá-lo
sorrateira.
Foi o dia que o homem menino insistiu num reencontro, então,
eu esmorecida, peguei o “Adeus!” , joguei
fora e decidi dizer – “Olá!”
Mas não deu. A tristeza da notícia da piora de meu pai
foi como faca entrando no peito. Só pude chorar, pedir a Deus – Dai-me forças.
E ao homem menino só consegui dizer;
“Não posso, mais uma vez adeus!”
Na minha profunda angustia, uma ligação, uma voz acalenta
meu coração ao falar ;
– “ Sou eu. Mesmo que comigo não possa estar, algo me diz
que precisa de ajuda. Estou aqui para ajudar”.
Daquele dia em diante, não mais me separei do homem
menino. Passamos a ter muitas estórias para contar. Meu doce homem menino, hoje
é um homem tão lindo. Fica a me ensinar a sabedoria da vida. Tudo é um ciclo. A
morte leva e a vida trás.
Nesta vida perdi meu pai no mesmo instante que encontrei a paz (as vezes turbulenta) de um amor.
Lê Gomes