Assisti a dois filmes nos últimos dias. O filme “Malévola”,
em cartaz nos cinemas e “As Sessões” que peguei na vídeo locadora.
Malévola é uma adaptação do conto “A Bela Adormecida”, porém, neste filme a história se dá na perspectiva da bruxa, neste caso uma fada. Já
no filme “As Sessões”, encontramos a narração da história real de um rapaz que
aos seis anos fica com o corpo paralisado, mexendo apenas a cabeça após ser acometido pela
poliomielite. Trata-se de um poeta que deseja encontrar o amor e a experiência
do sexo e para isso, acaba contratando uma substituta sexual, uma espécie de “terapeuta”
do sexo.
Adorei os dois filmes.
E o que os dois têm em comum? As relações humanas, eu diria.
De como lidamos com as pessoas, o que faz levar o outro a ser ou deixar de ser o
que se mostra ser.
Malévola foi traída pelo homem que amava e da pior forma,
pois após muito lhe esperar, ele retorna, sem muito falar, lhe embriaga com
amizade, carinho, respeito e amor e, quando Malévola adormece tranquila em seu
peito, ele sem coragem para dar-lhe um golpe certeiro de morte, covardemente faz pior, lhe tira o que mais amava cortando-lhe as asas para que morra aos
poucos.
A dor é profunda. Ela
experimenta a dor da morte em vida, não somente pelo roubo, mas pela forma mais
vil como fizera. Aquele homem conseguiu arrancar-lhe a beleza e pureza interior
para a amargura poder tomar lugar.
Ao final Malévola vence, não pelas maldades
realizadas em momento de ira, mas porque sua essência era boa e o amor
verdadeiro pertencia a ela mesma, e aquele homem vil, morre pela sua própria loucura; só,
louco, abandonado numa escuridão.
Já no filme “As Sessões”,
aquele homem paralisado faz da vida poesia, consegue passar aos que o cerca
sentimento de pureza, mesmo se culpando pela vida que pensa ter tirado daqueles
que o cuidaram. Ele ama de forma clara, pura, respeitosa.
O sexo para ele é tão revelador e lhe foi mostrado de forma
poética, com verdade e no respeito para com o outro. Assim, na sua trajetória de
vida, amou três mulheres. A primeira não lhe correspondeu o amor, mas reconheceu e valorizou o que ele ofertou. A segunda, contratada para lhe
apresentar o sexo, lhe ofertou de forma honesta, carinhosa e poética, e no inesperado ela passa a lhe amar numa outra espécie de amor e, enfim ele encontra, meio que por acaso, o amor de sua vida - “trocando poemas melosos por muitos anos”.
Foto Lê Gomes |
Seu amor é tão verdadeiro e simples que ao final as três
mulheres de sua vida se encontram para a despedida daquele homem com corpo paralisado
do pescoço para baixo, mas tão movimentado em vida.
Em seu poema preferido ele diz; “que as palavras possam
tocar-lhe como minhas mãos inertes não o fazem”.
A reflexão que fico com estes dois filme é; Podemos dar a
dor desnecessária ao outro e morrer envenenado por ela ou podemos construir o
amor através do respeito ao outro e de olhar o outro com amor.
Pena que por mais simples que pareça ser, o que determina a
conduta é o que deixamos habitar em nós – luz ou escuridão.
Lê Gomes