sexta-feira, 30 de maio de 2014

Dois filmes, uma reflexão

Assisti a dois filmes nos últimos dias. O filme “Malévola”, em cartaz nos cinemas e “As Sessões” que peguei na vídeo locadora.

Malévola é uma adaptação do conto “A Bela Adormecida”, porém, neste filme a história se dá na perspectiva da bruxa, neste caso uma fada. Já no filme “As Sessões”, encontramos a narração da história real de um rapaz que aos seis anos fica com o corpo paralisado, mexendo apenas a cabeça após ser acometido pela poliomielite. Trata-se de um poeta que deseja encontrar o amor e a experiência do sexo e para isso, acaba contratando uma substituta sexual, uma espécie de “terapeuta” do sexo.

Adorei os dois filmes.

E o que os dois têm em comum? As relações humanas, eu diria. De como lidamos com as pessoas, o que faz levar o outro a ser ou deixar de ser o que se mostra ser.

Malévola foi traída pelo homem que amava e da pior forma, pois após muito lhe esperar, ele retorna, sem muito falar, lhe embriaga com amizade, carinho, respeito e amor e, quando Malévola adormece tranquila em seu peito, ele sem coragem para dar-lhe um golpe certeiro de morte, covardemente faz pior, lhe tira o que mais amava cortando-lhe as asas  para que morra aos poucos.

A dor é profunda. Ela experimenta a dor da morte em vida, não somente pelo roubo, mas pela forma mais vil como fizera. Aquele homem conseguiu arrancar-lhe a beleza e pureza interior para a amargura poder tomar lugar. 

Ao final Malévola vence, não pelas maldades realizadas em momento de ira, mas porque sua essência era boa e o amor verdadeiro pertencia a ela mesma, e aquele homem vil, morre pela sua própria loucura; só, louco, abandonado numa escuridão.

Já no  filme “As Sessões”, aquele homem paralisado faz da vida poesia, consegue passar aos que o cerca sentimento de pureza, mesmo se culpando pela vida que pensa ter tirado daqueles que o cuidaram. Ele ama de forma clara, pura, respeitosa.

O sexo para ele é tão revelador e lhe foi mostrado de forma poética, com verdade e no respeito para com o outro. Assim, na sua trajetória de vida, amou três mulheres. A primeira não lhe correspondeu o amor, mas reconheceu e valorizou o que ele ofertou. A segunda, contratada para lhe apresentar o sexo, lhe ofertou de forma honesta, carinhosa e poética, e no inesperado ela passa a lhe amar numa outra espécie de amor e, enfim ele encontra, meio que por acaso, o amor de sua vida - “trocando poemas melosos por muitos anos”.
Foto Lê Gomes

Seu amor é tão verdadeiro e simples que ao final as três mulheres de sua vida se encontram para a despedida daquele homem com corpo paralisado do pescoço para baixo, mas tão movimentado em vida.

Em seu poema preferido ele diz; “que as palavras possam tocar-lhe como minhas mãos inertes  não o fazem”.

A reflexão que fico com estes dois filme é; Podemos dar a dor desnecessária ao outro e morrer envenenado por ela ou podemos construir o amor através do respeito ao outro e de olhar o outro com amor.

Pena que por mais simples que pareça ser, o que determina a conduta é o que deixamos habitar em nós – luz ou escuridão.

Lê Gomes

QUERIDINHA DO MÊS