"Fui crime, hoje sou poesia"
Da janela do ônibus que trafegava na Av. Rio Branco, vi na
parte de trás de uma banca de jornal localizada na altura da Rua do Ouvidor,
um grafite com a frase; “ Fui crime, hoje sou poesia”.
Continuei meu
trajeto, mas a frase ficou estacionada em minha mente - “fui crime, hoje sou
poesia”. Ao chegar a Cinelândia, minha parada final, desci do ônibus e como de
costume fitei o Teatro Municipal a minha frente com contemplação. Olhei para
sua cúpula e reparei que nela estava
escrito poesia.
Será coincidência a poesia se fazer presente em uma frase, numa
palavra no mesmo dia?
Fiquei a pensar... Veio-me o pensamento; Eu sou poesia, jamais
serei crime.
E no caminhar apressado do centro da cidade, mais pensamentos
povoaram minha mente. Como do nada, me imaginei com uma lança e escudo a tentar
me proteger do mal.
Em vários momentos de nossa vida nos vemos a protegermo-nos com toda a força, mas neste ímpeto de defesa
muitas vezes acabamos por ferir ao outro, e talvez a ferida se faça com lanças
muito mais poderosas que a das armas. Ferimos com palavras, verdades que cortam
a alma.
De repente entendi a frase, a palavra e meu pensamento - Não posso, mesmo me protegendo , ser crime
pois, eu sou poesia.
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Lê Gomes |
Eu sou poesia ao enxergar beleza nas coisas simples da vida.
Eu sou poesia quando os pássaros pousam em minha janela nos
meus momentos de maior tristeza.
Eu sou poesia quando a natureza me presenteia com o
desabrochar de flores no meu jardim.
Eu sou poesia quando abro sorrisos com meus amigos.
Eu sou poesia por desejar um mundo melhor.
Eu sou poesia por amar, sempre amar.
Eu sou simplesmente poesia.
Não posso ser crime, por isso não deixarei a amargura em
mim. Não posso ser crime, então não me igualarei ao pior. Não posso ser crime
deixando de ser quem sou. Não posso ser crime. Que a poesia continue a estar em mim.
E você se é crime, faça como o artista de rua, vire POESIA.
Lê Gomes