quinta-feira, 19 de junho de 2014

Meus Velhinhos


Todos já sabem que amo pessoas velhas. Sou uma apaixonada pelo envelhecimento humano e tenho debruçado meus estudos e prática profissional nesta área a muitos anos.

Não posso dizer que sou uma estudiosa da temática (apesar de todo conhecimento adquirido), mas posso dizer que sou uma feroz militante da causa.

Acho que o primeiro amor pelo idoso  veio através de meu  pai, que já passados dos 50 anos me teve e por isso, na minha vida adulta convivi com ele já velhinho. Eu o amava muito.

Depois meu grande encontro com a velhice, com o envelhecimento humano se deu ainda na graduação quando fui bolsista do CNPq numa pesquisa sobre o tema. Foi neste período que meu grande mestre e hoje amigo, me fez apaixonar e brilhar meus olhos para os velhos e toda a complexidade do assunto que envolve o envelhecimento humano.

Acho graça, quando sempre me perguntam como posso ver beleza na velhice. Perguntam-me ; “Como você pode achar bonito rostos enrugados?” Eu Vejo beleza. Vejo histórias, vejo sabedoria, vejo gente, vejo construção, vejo beleza de estórias vividas. Acho linda uma cabeleira branca, um rosto enrugadinho com um belo sorriso nos lábios. Vejo muito mais alegria e prazer em viver quando corpos doídos dançam e se alegram da vida.

A velhice é uma construção social. O imaginário social do que é ser velho nos faz perceber e viver nosso envelhecimento conforme nossas crenças e influências sócio-culturais.

Posso ser um peixinho fora d’água na sociedade que vivo, mas sei que não tenho medo de envelhecer e que gosto das ainda poucas rugas, de futuras muitas que terei.

No ciclo da vida só não envelhece quem cedo morre.

Se permita olhar a velhice com outros olhos. Talvez um arco-íris de possibilidades apareça a sua frente e envelhecer não seja tão ruim como possa parecer.


Lê Gomes

QUERIDINHA DO MÊS